3 de fevereiro de 2006

A Razão do Terminal

theterminal
Em que sítio encontramos os niveis de QI mais rasteiros do planeta? Se estão a pensar na Assembleia da República andam lá perto mas não acertaram. A resposta certa é: nos aeroportos.
A estupidez que se respira num aeroporto é inigualável, incomparável e irrepreensivelmente insuperável. Se tivesse que alinhar numa folha A4 as coisas mais estúpidas a que já assisti na minha vida, a maioria delas teriam acontecido num aeroporto.
Há um embrutecimento qualquer que reina nos aeroportos e que parece subsistir ao longo do tempo. Começando pelo preço das coisas dentro de um aeroporto. É tudo irrealmente caro, como se o simples facto de voarmos de um sítio para o outro nos fizesse entrar num transe maléfico qualquer que nos compele a pagar alegremente um café pelo mesmo preço que pagamos uma refeição na tasca da esquina.
E depois há a questão das perguntas quando fazemos o check in:
«Foi você que fez a sua mala»?
Apetece responder: «Claro que não. Que estupidez. Ontem à noite convidei a célula local da Al Qaeda para jantar lá em casa e, em troca de uma refeição quente, obriguei os gajos a fazerem-me a mala.»
«A sua bagagem esteve sempre consigo?»
E nós: «Bem... nem toda. Tenho aí umas cuecas que estão comigo há coisa de dois anos, quando estive no Corte Inglês. As calças já estão comigo há mais tempo, o que poderá constatar pelo aspecto delas. Os peúgos estão comigo há relativamente pouco tempo, comprei-os há dias. Recentes recentes são as camisas. Comprei-as ontem. Quer ver o talão?»
«Algum desconhecido lhe deu alguma coisa para transportar?»
Merecem: «Você acha que eu sou criado de alguém?? Você costuma transportar coisas de gajos que não conhece de lado nenhum? Você tem uma deficiência mental ou tem por hábito fazer perguntas estúpidas? Quer transportar a minha bagagem para algum lado?»
Exasperante.
E depois temos aquela cena do detector de metais. Qualquer dia um gajo tem que passar nú no detector de metais. Eu costumo fazer de propósito e levar as Catterpillar com biqueira de ferro. Alarmes por todo o lado. Os gajos à rasca sem saberem onde está o metal. A fila atrás de mim a engrossar e eles à procura à rasca. E aí eu digo-lhes que tenho implantes metálicos nos calcanhares e eles acreditam. Broncos.
Se há sítio onde um fumador se sente discriminado é nos aeroportos. Não percebo porque não se pode fumar à vontade dentro de um aeroporto – é uma espécie de despressurização antes de entrarmos no avião? É claro que há zonas de fumadores, mas têm sempre um espaço limitado (em Londres parece um curral de gado) e encontram-se sempre povoadas de gajos de aspecto acinzentado a esfumaçar que nem uns alarves, um cigarro atrás do outro. Só de olhar para eles dá vontade de deixar de fumar e engordar que nem um cachalote.
É vulgar ouvirmos uma voz do além a chamar um passageiro que já devia estar no avião e que anda a alucinar algures dentro do free shop do aeroporto – a comprar como se não houvesse amanhã. Será que estes gajos ficam tão entorpecidos dentro de um aeroporto que se esquecem que há centenas de pessoas que não levantam vôo só porque eles gostam de ouvir o barulhinho da máquina do multibanco? Não faço ideia. Mas sou adepto de que em cada aeroporto deveria haver uma tribo somali, devidamente untadinha de pau de cabinda, para sodomizar à bruta (entre cânticos guerreiros da terra deles) os tipos que me fazem perder tempo.

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