Há actividades humanas estupidamente inúteis. Há seres humanos que são pagos para as inventar. E há outros seres humanos suficientemente estúpidos para pagar por estas invenções cuja função consiste simplesmente em mantê-los em vida suspensa, alheados de tudo e de todos. A última destas invenções que promovem a actividade inútil é o Sudoku. A progressão do Sudoku neste país, e em todo o mundo, é a prova cabal que a malta anda realmente à procura de algo que os aliene. Tenho dificuldade em perceber os gajos e gajas que bovinamente se viciam em Sudoku. Qual é o interesse daquela malta em alinhar, nos seus tempos livres, números na vertical e na horizontal. Não é melhor mandar umas quecas? Viajar para qualquer lado? Ter uma conversa estimulante com alguém? Ou mesmo mandar um par de lambadas no vizinho? Será que os gajos acham que os seus netinhos se vão impressionar quando disserem «o avô ganhou o campeonato nacional de Sudoku em 2006»? O mais provável é que o puto fique a pensar que o avô era o maior sodomita nacional daquele ano remoto...
Conseguem imaginar-se no fim da vossa vida e pensar que perderam dias, meses, em torno de uma actividade que não vos tornou melhores como seres humanos? Conseguem? Eu também consigo, mas não será a jogar Sudoku, garanto-vos.
13 de fevereiro de 2006
A Razão da Inutilidade
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Este jogo tem variações! Os arguidos da Casa Pia sempre jogavam só-do-cu! Fizeram isto por anos seguidos sem nunca ficarem alienados!
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