Se Albert Einstein tivesse sido português tinha descoberto a Física Instântica. Portugal, vá-se lá perceber porque fenómeno, é o único ponto no planeta em que tudo se passa num instantinho.
«É só um instantinho» não é apenas uma expressão do dia-a-dia, é o modus operandi nacional. Tudo funciona numa sucessão de irritantes «instantinhos» que mais parecem soluços no espaço-contínuo.
Pensem num dia normal das vossas vidas e verão que ele começa com vocês a saírem de casa com uma algibeira cheia de «instantinhos» para dar. E depois parecem uma central de distribuíção: um instantinho aqui, outro ali, e mais outro acolá. É fartar vilanagem. Chegam ao fim do dia de algibeira vazia, regressando pachorrentamente a casa e preparando os instantinhos do dia seguinte. A coisa está tão mecanizada que vocês já nem reparam na vossa generosidade.
Não reparam também que o país é governado por «instantinhos» de natureza variada. Os políticos que nos desgovernam, por exemplo, vivem o «instantinho de carreira», que consiste em açambarcar o mais que puderem no mais curto espaço de tempo, num instantinho, portanto. O Estado rege-se por criar «instantinhos taxistas» que consistem em novas e coloridas formas de taxar os contribuintes de modo a pagarem com juros os «instantinhos de carreira» daqueles senhores que nos governam e que se governam.
As empresas públicas são o «Reino do Instantinho», seja porque quem as gere não fica lá muito tempo e só quer mesmo é aquele «instantinho para a reforma milionária», seja porque aproveitam a filosofia do «instantinho» para adiar toda e qualquer decisão.
O «instantinho» tem esta particularidade da quase imutabilidade, já repararam? Quando ele acaba fica tudo mais ou menos na mesma. Como Portugal (e Ilhas).
27 de abril de 2006
A Razão do Instantinho
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