5 de março de 2006

A Razão da Morte Súbita

morte subita
Não seria interessante se a única forma de morte possível fosse uma explosão súbita da cabeça? Se não houvessem outras formas de morte? Se toda a gente morresse assim? Mais cedo ou mais tarde, sem aviso, a nossa cabeça explodia. Sabem o que eu acho? Acho que as pessoas acabariam por habituar-se. Acho que as pessoas aprendem a lidar com tudo se acharem que é inevitável.
Imaginem um bando de tipos a cantar «Parabéns a Você».
«... cantam as nossas almas; para o menino Carlitos, uma salva de...» BUM! A cabeça do Carlitos explode. Mas as velas do bolo são apagadas de qualquer forma, por isso o ritual está completo e toda a gente aplaude.
Claro que teria de haver o contratempo ocasional. «Outra cabeça? Ora bolas! Já é a segunda esta semana. Ainda mandei limpar o fato há pouco tempo». Mas aprenderíamos a lidar com isso.
Imaginem que estão sentados num restaurante com a vossa namorada e o empregado está a ditar-vos os pratos do dia: «Hoje temos os mamilos de morcego marinados num molho de rabos de panda...» BUM! A cabeça do empregado explode. Aposto que nem iam ligar.
«Querida, ele disse mamilos de morcego ou de borrego? É melhor chamarmos outro empregado. E pedir mais azeitonas. Não vou comer estas. Ele tinha o prato na mão quando explodiu. Sou alérgico a mamilos de morcego. Acho que vou pedir a pila de pinguim à casa ou a caçarola de tomates de alce. Então e tu? Espera, não te mexas. Tens um bocado de sobrancelha na bochecha. Pronto, já está. Já agora, querida, que vinho vai bem com miolos?»


George Carlin

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