O grau zero da consciência de si (e não estou a citar António Damásio) é o capachinho. Pergunto-me repetidas vezes o que leva um mamífero a exibir orgulhosamente um capachinho no alto da sua cabeça. Será que os gajos acham que a malta não repara? Como é possível não reparar num tipo que parece ter uma lontra em avançado estado de decomposição a cobrir-lhe a região craniana? Os utentes do capachinho parecem estar-se nas tintas para isso.
Para se usar capachinho tem de se ter uma certa dose de alheamento social, aliada de um egocentrismo blindado e cegante. Só assim se explica a ausência de noção do ridículo. Só na política encontramos a mesma falta de vergonha, a mesma ausência de «noção de si»: ser político é o mesmo que usar um capachinho – faz-se a mesma figura de urso, sempre com a convicção de que ninguém está a reparar.
18 de janeiro de 2006
A Razão do Capachinho
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