«Aquilo que não me destrói torna-me mais forte». Já leram maior imbecilidade que esta? Isto faz-me pensar que afinal a sabedoria popular não é tão lúcida como nos quer fazer parecer. Imaginem coisas que não nos destroem, do tipo: uma deficiência renal; a espinal medula em gelatina; o cérebro a funcionar só de um lado (com a consequente baba a escorrer de um dos lados da boca); os fémures trituradinhos por um catterpillar desgovernado; a bacia no lado errado das costas; um bocado do vosso baço numa qualquer placa de Petri; a glândula pituitária a latejar desenfreadamente; o intestino a sair-vos pelo anús; e daí por diante. Tudo isto são coisas que não nos destroem, pelo menos no sentido literal da coisa. Mas daí a pensar que isto nos fortalece vai uma distância considerável. Estão a imaginar dizerem para alguém «graças a Deus que amputei a minha perna esquerda a semana passada, há anos que não me sentia tão vigoroso»? Está tudo doido ou quê? Aquilo que não me destrói não só não me torna mais forte como me deixa em muito mau estado. Não nos iludemos. Sejamos lúcidos.
31 de janeiro de 2006
A Razão Cola Cao
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