6 de dezembro de 2005

A Razão do Crucifixo

crucifixo
A grandeza de um líder é determinada pela amplitude dos seus gestos políticos, económicos e sociais. É a velha história da árvore e da floresta. O liderzeco preocupa-se com as pequenas coisas e portanto a amplitude dos seus gestos é bastante reduzida. O liderzão está preocupado com a floresta e os seus gestos revelam-no: são largos, extensos, focados no futuro mas sem danificar o presente.
Pois bem, aqui na nossa telenovela mexicana Sócrates tem-se revelado bastante distante daqueles nossos líderes passados que, com a mania das grandezas, pensavam em grande. Pensar em grande é bom, porque nos torna também a nós grandes. Não encontramos esse inconformismo da pequeneza em Sócrates, muito pelo contrário: o aparelho do Estado consome mais de metade dos recursos do país? Então aumente-se os impostos para que a outra menos de metade pague a inoperância pegajosa das instituíções estatais. O país precisa de atraír investimento estrangeiro? Então taxe-se absurdamente as várias actividades económicas deste país para sacar o máximo possível a quem poderia dinamizar a economia. O país precisa de investir? Então invista-se em aeroportos desnecessários, para encapotar o investimento que Stanley Ho vai emprestar ao Estado português.
Tudo medidas pequeninas. À medida dos homens que nela pensam, e do homem que as aprova. A última medida pequenina foi a da proibição dos crucifixos nos estabelecimentos de ensino – uma muy distinta medida governamental que surgiu como resultado da pressão de um não menos distinto grupelho de laicos cidadãos nacionais. Eu até sou ateu e tanto se me dá que as escolas tenham crucifixos ou objectos de culto satânico. O que me chateia é legislar sobre esta matéria. Perder tempo com isto. Ceder a pressõzecas de uma cambada de labregos laicos que se sentem discriminados nas suas (livres) opções religiosas. O país está a ficar mais pequeno, e os portugueses cada vez têm menos culpa de terem eleito uma vara de liderzecos.

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