13 de setembro de 2005

A Razão da Fundação

fundacao
Afonso Henriques tinha uma visão: «um reino, um povo, um rei». Não era uma visão muito original, mas pronto, era a sua visão. Para concretizá-la, Afonso Henriques sabia que tinha de fazer uma única coisa: fundar. Fundar como se não houvesse amanhã. Fundar desaustinada e paulatinamente até não haver mais nada passível de ser fundado. E assim nasceu Portugal. O homem fundou que nem um alarve enquanto as suas forças o permitiram, deixando a fundação como um legado para os que vieram a seguir, e que continuaram a fundar. A visão de Afonso Henriques foi-se cumprindo geração após geração: a fundação como garante de expansão e de crescimento da nação, tem um je ne sais quoi de engenharia – afinal de contas uma fundação sólida dá azo a uma obra consistente e duradoura.
Sócrates tinha falta de visão. A verdade é que nunca fora um tipo muito imaginativo, mas agora fazia-lhe mesmo falta uma visão à la Afonso Henriques. Uma coisa que pudesse dar um rumo ao país, com o mesmo vigôr e a mesma intensidade de há 877 anos atrás. Estava a querer dar um novo sentido a este velho conceito da fundação quando o Belmiro lhe deu uma mãozinha: «E que tal implodires a fundação?».
Sócrates não pensou duas vezes. E teve a sua visão: «um país, várias fundações, muitas implosões». E assim renasceu Portugal, aquela grande cratera no ponto mais ocidental da Europa.

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