A sobrevivência do mais apto tem uma aplicação social que já foi largamente explorada por muita gente. Sabemos que evolução das sociedades está intimamente ligada à maior aptidão dos seus cidadãos: quanto mais talento e inteligência existirem, maiores as probabilidades de estes terem um impacto na sua sociedade. As sociedades que percebem esta verdade óbvia, e que investem para tornar os seus cidadãos mais aptos são aquelas que apresentam níveis de desenvolvimento mais elevados. Nalguns casos até importam talento – os Estados Unidos fazem-no com alguma frequência desde a 2ª Guerra Mundial.
Em Portugal a lei do mais apto tem uma aplicação que remonta à época medieval: os considerados mais aptos não são nem os mais inteligentes, nem os mais talentosos, nem os mais experientes, nem aqueles que poderiam fazer a diferença. A aptidão em Portugal depende do nome de família. Como as aptidões intelectuais e o talento não são coisas que se transmitem de geração para geração, temos sempre os mesmos nomes em sectores-chaves da economia e da política. Qual é o resultado disto? É o que vemos: uma novela mexicana controlada por grupos económicos que operam em regime de negócio familiar.
Portugal não é um país, é um negócio de famílias, e como tal anda ao sabor da falta de talento político, económico e social destas novas gerações de malta que cresceu a saber que não tinha que se esforçar muito para ir tomar conta do negócio do papá.
Quem achar que estou a ser muito radical pode sempre consultar as páginas dos jornais de há 100 anos atrás e ver os apelidos dos indivíduos que estavam na política e na economia de então. São os mesmos inaptos. Não admira que o país esteja cada vez mais na mesma.
27 de junho de 2005
A Razão dos Mais Aptos
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"Não admira que o país esteja cada vez mais na mesma."
ResponderEliminarEsteve, está e estará cada vez mais na mesma :o)
É uma questão de aptidão crónica.