Ontem ao fim do dia acabaram-se-me os cigarros. Como sou daqueles que ficam nervosinhos quando não têm um maço de tabaco por perto decidi sair para o comprar na loja de conveniência aqui perto de casa. Eis que, pelas 22:30h, a loja de conveniência já tinha fechado – algo que contraria toda a razão de existência de uma loja conveniência. Descobri então que tenho uma loja de inconveniência no meu bairro. Que inconvenientemente abre às horas convenientes para os seus empregados. O conceito pareceu-me bom: afinal de contas há por aí tanta loja de conveniência e a concorrência, nos dias que correm, é tão apertada que mais vale criar um novo conceito de loja. Ao menos é diferente.
Pensei um bocadinho no potencial de uma loja de inconveniência: horários flexíveis de acordo com a disposição para o trabalho dos seus funcionários; atendimento abaixo de cão com aquele ar de que me estão a fazer um favor em servir um café; instalações precárias e gordurentas, com estalactictes de gordura a partir do filtro do exaustor; com patrões estupidamente mal dispostos (com aquela má disposição atávica, como se todos os dias fossem dias em que o Benfica perde o campeonato) a coçarem a bolsa testicular com a mão com que servem o queque, e a recuperarem uma escarreta do fundo da sua garganta para a aplicarem no pano de limpeza, dando mais lustro ao balcão enquanto descompõem aos berros a anafada mulher na cozinha.
Foi então que percebi que isto não era muito diferente daquilo que encontrava por aí, e que afinal o país, para além do meu bairro, é pródigo em lojas de inconveniência. Não há-de ser com este conceito diferenciador que hei-de enriquecer. Adiante.
22 de maio de 2007
A Razão da Loja de Conveniência
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