26 de outubro de 2005

A Razão de Algo

algo

Sempre nutri um fascínio inexplicável por abstracções, por coisas tão latas que se tornam inatingíveis, daí o fascínio. E por isso divertem-me as palavras que apontam para esse vazio onde tudo pode caber. Algo é uma dessas palavras.
Reparem que existe sempre algo. Algo que despoleta algo. Algo que nos faz pensar em algo. Algo que nos impede de dizer ou fazer algo. Algo que nos diverte ou que nos chateia. Algo que, se deixarmos de fazer, acelera que aconteça algo. Ou nem por isso.
E na procura de algo que preencha algo que nos faça sentir algo, há sempre algo que nos vai transformando em algo: algo experientes, algo contentes, algo desencantados, algo intransigentes, algo recompensados, algo esclarecidos.
A beleza de algo é que é tão único e ao mesmo tempo tão diverso que nunca podemos considerar algo como certo, nem tão pouco achar que há sempre algo errado, embora os haja, os certos e os errados, os positivos e os negativos, os justos e os injustos, os deliciosos e os intragáveis.
Algo séria, esta Razão…

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