A 21 de Janeiro passado um homem dizimou a tiro a população da sua aldeia e suicidou-se, tendo deixado viva apenas uma habitante. São Xisto, uma das Aldeias de Portugal e Património Mundial, uma aldeia com 5 habitantes até 20 de Janeiro, passou a ter desde esse dia apenas 1 habitante, que fez as malinhas e abandonou a aldeia no dia seguinte. A razão disto tudo: cíume.
Recuemos umas horas antes do momento fatídico. Tudo parecia calmo na aldeia de 5 habitantes. Apenas 3 casinhas tinham as luzes acesas: o casa do casal Silva, a casa do casal Bastos, e a casa de Abília Pereira. Estes 5 habitantes viviam na aldeia desde sempre, e conviviam como uma verdadeira família, daquelas famílias onde todos se dão bem.
Mas naquele fim de tarde invernoso, Jesuíno Silva, de 60 anos andava mal disposto e desconfiado. Tinha começado a aparecer-lhe um furúnculo na têmpora direita e aquilo para ele só podia significar uma coisa: A Maria Alberta, sua vigorosa mulher com uns belos 64 anos, andava a encorná-lo. Ele não lhe conhecia tendências lésbicas, e o único homem na aldeia para além dele era o vizinho e amigo Felisberto Bastos, de 77 anos, com quem convivera toda a vida. Ali havia marosca, pensava Jesuíno acariciando o furúnculo. Ainda pensou em ter uma conversinha com a mulher do amigo, para tirar dúvidas. Mas quanto mais pensava nisso mais se enervava e, num impulso, pegou na arma desceu a rua, entrou na casa dos vizinhos Bastos e arrumou sumariamente, e sem abrir a boca, a mulher que o cumprimentou à porta e o homem que tentava puxar de uma arma para se defender. Depois regressou a casa, calmamente e em silêncio, aproximou-se da sua mulher e descarregou a sua caçadeira, deixando o último cartucho para si. Sentou-se na cama. Apontou a arma à base do queixo, e salpicou de cinzento e vermelho o tecto do quarto. Fim da história.
O ciúme é dos sentimentos mais destrutivos que conheço. E não vale a pena virem dizer-me que, em pequenas doses, até pode ser saudável. Seja em que formato fôr: dose, meia dose ou num pirezinho, o ciúme é um sentimento negativo e auto-alimentável. Se um dia sentirem ciúmes de alguém recomendo vivamente que visitem um especialista que vos trate da auto-estima, ou participem num corso carnavalesco no sambódromo do Rio de Janeiro, com o mínimo de indumentária possível s.f.f.
Nota: a história é verídica, mas os nomes foram alterados por respeito às vítimas.
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