Mário Soares quer o impossível e afirma que Sócrates deve actuar contra a pobreza em Portugal. Decerto que a intenção de Soares é boa embora enuncie mal o sujeito da acção. Sócrates nunca poderá actuar contra a pobreza por uma razão filosófica muito simples: a pobreza nunca será vencida pela pobreza de espírito. É um paradoxo. Isto porque o resultado da pobreza de espírito será inevitavelmente e sempre a pobreza material. Uma coisa conduz à outra. Alimenta-se da outra. E é nesta espécie de círculo vicioso que nos encontramos.
Quando olhamos à nossa volta e vemos como os governos de outros países lidam com a crise internacional é que temos a noção da pobreza de espírito do governo de Sócrates: toda a gente à nossa volta percebe que a saída da crise passa pela manutenção do poder de compra e do estímulo individual das economias internas. Zapatero percebe isso. Sarkozy, apesar de ter a testosterona aos saltos (quem o pode culpar?) percebe isso. Angela Merkel, com a dificuldade criativa que caracteriza o seu povo, vai percebendo isso. Sócrates não. Sócrates, no seu autismo arrogante, tem dificuldade em perceber o que quer que seja. O proto-engenheiro, para não lhe chamar outra coisa, que já tem um gostinho duvidoso para aprovar projectos de engenharia, é o símbolo da pobreza de espírito deste país. Um povo vale por aqueles que elege para seus dirigentes e, meus amigos, neste momento Portugal vale muito pouco.
27 de maio de 2008
A Razão da Pobreza
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