19 de janeiro de 2007

A Razão do Maior Português

maior portugues
Tenho dificuldade em entender esta votação do «Maior Português». Principalmente quando olho para o resultado das votações e vejo figurinhas como o Pinto da Costa, o Ricardo Araujo Pereira, e o Saramago (esse esbirro nobelizado) nos 100 mais votados. Afinal a votação é para o «Maior Palhaço Português»?
Outra coisa que salta à vista nesta votação, para além dos palhaços e dos palhacinhos, é que a maioria dos candidatos está morta. É verdade. A shortlist dos 10 portugueses finalistas não tem ninguém vivo. O que me leva a concluir que, para a maioria dos portugueses, o maior português é o português morto. Isto diz muita coisa sobre como os portugueses se vêem a si próprios: um tipo só é bom e grande quando bate as botas. Enquanto está vivo o português é sempre pequenino. Daí que eu acharia mais plausível que o melhor teria sido eleger o «Português Mais Pequenino». A votação ficaria não só mais rica em participações, como renderia muito mais dinheiro à RTP.
No final da votação do «Português Mais Pequenino» teríamos certamente 10 finalistas extremamente contemporâneos: todos vivinhos, invejosozinhos, corruptozinhos, indigentezinhos e sempre cheio de expedientezinhos. O difícil seria limitar a eleição a 10 finalistazinhos.

Na actual lista a minha escolha é o Aristides de Sousa Mendes. Mas não como o maior português, porque a abnegação que o homem demonstrou não é uma característica nacional. Até muito pelo contrário. O mais certo seria que, como bom português, o Aristides tivesse acatado as ordens superiores e não se aborrecesse muito com os refugiados judeus que lhe batiam à porta. Não seria certamente um problema dele.
Voto no Aristides porque, daquela listinha, foi o melhor ser humano.

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