Confesso que nunca liguei muito às biografias como obras literárias. Nunca tive grande interesse em saber da vida dos outros, mesmo que estes fossem remotamente famosos ou que tivessem sido vagamente influentes no mundo. Acho que o interesse por uma biografia, qualquer que ela seja, não é muito diferente de encher as audiências de um canal que passe um Big Brother ou outro reality show qualquer. Com uma nuance: as biografias não têm metade da javardice porcalhota de um reality show. Normalmente contam-se sempre as partes dignas da vida de um dado indivíduo.
Sempre achei que a biografia era algo posterior à extrema unção: nunca me fez grande sentido uma biografia ser escrita enquanto o indivíduo ainda estava vivo. São uma espécie de morte antecipada por indivíduos que, se não estão fisicamente mortos, estão-no certamente a nivel social ou político. É o caso da Carolina do alterne e do Santana sem alternativas. Esta mania nacional recente de se publicarem livros a explicar que «se a minha avó tivesse rodas seria um camião de oito rodados» é, no mínimo, reveladora de uma pobreza intelectual incapaz de avaliar o rídiculo de todo o esforço editorial que tiveram para publicar aquelas verdadeiras bostas. Podemos tirar a mulher do alterne e o homem da politiquice, mas infelizmente não podemos tirar o alterne da mulher nem a politiquice do homem.
Sem comentários:
Enviar um comentário