7 de novembro de 2005

A Razão Descrente

descrente
Acredito em Deus? Acreditava até a mãe ter sofrido o acidente. Caiu em cima de um croquete, facto que exacerbou a sua melancolia. Esteve em coma durante meses e meses, incapaz de fazer outra coisa que não fosse cantar Granada a um arenque imaginário. Porque razão ficou esta mulher, na primavera de vida, tão afectada? Será por ter desafiado as convenções ao casar-se com um saco de papel castanho na cabeça? E como posso acreditar em Deus se na semana passada trilhei a língua no rolo da máquina de escrever eléctrica? Sinto-me atormentado pela dúvida. E se tudo é uma ilusão e nada existe? Se assim é, paguei demasiado dinheiro pelo tapete. Se ao menos Deus me enviasse um sinal claro! Como o de fazer um depósito vultoso em meu nome num banco suíço.

Woody Allen

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