29 de novembro de 2006

A Razão do Reality Show


reality shows
Há uns tempos atrás o Zé Maria, aquela alma simples do Big Brother, tentou suicidar-se, depois de ter estoirado o dinheiro que ganhou no concurso em projectos falhados.
Marco, o neanderthal do pontapé maravilha do Big Brother, foi detido pela polícia no ano passado, acusado por um camionista de agressão selvática e persistente numa fila de trânsito.
A semana passada li que o Mário, o loiro burro do Big Brother, foi preso pela judiciária, acusado de liderar um gang responsável por assaltos à mão armada na zona do Porto.
A julgar pelos exemplos acima, os reality shows serão largamente responsáveis por toda uma geração de anormais desajustados e destrambelhados, com a mania das grandezas e do sucesso fácil. Não falo só dos anormais que por lá pululam, mas também dos anormais que diariamente enchem as audiências deste tipo de programas.
Parece-me óbvio que os reality shows dão cabo da vida pública dos seus participantes, que consequentemente passam a lidar muito mal com isso nas suas vidas privadas. Ora se assim é, porque não assumir as coisas frontalmente e criar programas que arrebentam com a vida dos gajos logo ali em directo, à vista de toda a gente, em vez dos abandonar à sua sorte no fim de cada programa? Seria infinitamente mais honesto do que acontece agora. E geraria muito mais audiência.
Foi a pensar nisto que elaborei algumas ideias passíveis de serem utilizadas pelo Piet Hein, free of charge, nos seus futuros lixos televisivos:

O Atol
Um grupo de labregos é colocado num atol de Mururoa. São formadas equipas de dois elementos e a cada indivíduo é dado um componente de uma bomba nuclear de potência desconhecida. Cada elemento da equipa é colocado num ponto do atol, bem distante do seu companheiro de equipa. O objectivo é encontrarem-se o mais rapidamente possível, juntando os componentes da bomba e accionando o dispositivo. Vence quem conseguir destruir o atol primeiro. Prémio de 100.000 euros para os primeiros, que será doado à TVI se os participantes não se apresentarem nos escritórios do Piet Hein duas horas depois de finalizada a prova.

A Tribo
Um grupo de quarentonas encalhadas é largado na selva ardente à mercê de uma tribo de somalis devidamente untadinhos e com a testosterona alterada quimicamente de modo a não pensarem noutra coisa que não seja a sodomia brutal e persistente.
Ao fim de três meses as quarentonas serão recolhidas e a vencedora será aquela que ostentar um caminhar mais esquisito.

A Catapulta
Um reality show com anões, cavalos pentapérnicos, e mulheres desnudas, que tem características próximas do triatlo olímpico.
Os anões são inicialmente catapultados para dentro de campos de minas, que terão que atravessar até chegar aos cavalos pentapérnicos. Os que sobreviverem à queda e às minas terão que cavalgar 20 km num campo de urtigas e espinhos, agarrados à quinta perna do cavalo. Os que conseguirem transpôr a segunda fase da prova serão de novo catapultados para o campo de minas. As mulheres desnudas na realidade não existem, e são apenas um motivo para dar cabo dos anões. O anão que sobreviver estará automaticamente apurado para «O Atol».

O Cartoon
Destinado a toda essa malta com talento para o desenho que anda por aí. Doze cartoonistas são fechados numa sala blindada com um fundamentalista islâmico que, embora ninguém saiba porque não se vê, está atestadinho de explosivos na zona rectal. Os cartoonistas têm que desenhar temas religiosos alusivos ao Ramadão. Quem conseguir fazer explodir o árabe ganha umas próteses biónicas (último modelo) para os bracinhos.

A Repartição
Reality show que simula o interior de uma repartição pública. A cada um dos quinze participantes é facultado: uma máquina de escrever Remington de 1916, trinta resmas de papel pautado, cinco resmas de papel químico, uma caixa de lexotans. Vence quem conseguir levar mais tempo a deferir um processo. O premiado será catapultado para o campo de minas dos anões. Os restantes irão servir de figurantes em «O Atol».


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