2 de abril de 2009

A Razão do 1º de Abril

1º d Abril
Sabemos que vivemos em Portugal quando vemos que as notícias do 1º Abril são tão estupidamente inverosímeis como as notícias dos restantes 364 dias.

10 de fevereiro de 2009

A Razão do Mário Crespo

Mario Crespo
A primeira vez que lembro do Mário Crespo foi algures no início dos anos oitenta. Penso que ele estava a fazer uma reportagem num país africano e, em directo, alguém lhe mandou um valente empurrão que o fez voar para fora do écran com um sonoro e involuntário "FODA-SE!".
O Foda-se do Mário Crespo foi um sucesso na época, porque até então não se tinha ouvido um repórter soltar palavrões em directo, mesmo que involuntários. Desde essa altura que acho piada ao Mário Crespo – um gajo que coloca Fodasses involuntários no ar é um gajo que merece todo o meu respeito, neste paisinho onde os Foda-se se dizem à boca calada ou à porta fechada, e cada vez menos em directo.
Recentemente o Mário Crespo escreveu um Foda-se. Foi no Jornal de Notícias. Desta vez não foi um Foda-se involuntário, foi mesmo à séria. Mais uma vez achei piada ao Mário Crespo. E como gajo que merece todo o meu respeito, aqui segue o seu mais actual Foda-se. Que pena não existirem mais Mário Crespos por aí…

Façamos de conta que nada aconteceu no Freeport. Que não houve invulgaridades no processo de licenciamento e que despachos ministeriais a três dias do fim de um governo são coisa normal. Que não houve tios e primos a falar para sobrinhas e sobrinhos e a referir montantes de milhões (contos, libras, euros?). Façamos de conta que a Universidade que licenciou José Sócrates não está fechada no meio de um caso de polícia com arguidos e tudo.

Façamos de conta que José Sócrates sabe mesmo falar Inglês. Façamos de conta que é de aceitar a tese do professor Freitas do Amaral de que, pelo que sabe, no Freeport está tudo bem e é em termos quid juris irrepreensível. Façamos de conta que aceitamos o mestrado em Gestão com que na mesma entrevista Freitas do Amaral distinguiu o primeiro-ministro e façamos de conta que não é absurdo colocá-lo numa das "melhores posições no Mundo" para enfrentar a crise devido aos prodígios académicos que Freitas do Amaral lhe reconheceu. Façamos de conta que, como o afirma o professor Correia de Campos, tudo isto não passa de uma invenção dos média.

Façamos de conta que o "Magalhães" é a sério e que nunca houve alunos/figurantes contratados para encenar acções de propaganda do Governo sobre a educação. Façamos de conta que a OCDE se pronunciou sobre a educação em Portugal considerando-a do melhor que há no Mundo. Façamos de conta que Jorge Coelho nunca disse que "quem se mete com o PS leva". Façamos de conta que Augusto Santos Silva nunca disse que do que gostava mesmo era de "malhar na Direita" (acho que Klaus Barbie disse o mesmo da Esquerda). Façamos de conta que o director do Sol não declarou que teve pressões e ameaças de represálias económicas se publicasse reportagens sobre o Freeport. Façamos de conta que o ministro da Presidência Pedro Silva Pereira não me telefonou a tentar saber por "onde é que eu ia começar" a entrevista que lhe fiz sobre o Freeport e não me voltou a telefonar pouco antes da entrevista a dizer que queria ser tratado por ministro e sem confianças de natureza pessoal.

Façamos de conta que Edmundo Pedro não está preocupado com a "falta de liberdade". E Manuel Alegre também. Façamos de conta que não é infinitamente ridículo e perverso comparar o Caso Freeport ao Caso Dreyfus. Façamos de conta que não aconteceu nada com o professor Charrua e que não houve indagações da Polícia antes de manifestações legais de professores. Façamos de conta que é normal a sequência de entrevistas do Ministério Público e são normais e de boa prática democrática as declarações do procurador-geral da República. Façamos de conta que não há SIS. Façamos de conta que o presidente da República não chamou o PGR sobre o Freeport e quando disse que isto era assunto de Estado não queria dizer nada disso.

Façamos de conta que esta democracia está a funcionar e votemos. Votemos, já que temos a valsa começada, e o nada há-de acabar-se como todas as coisas. Votemos Chaves, Mugabe, Castro, Eduardo dos Santos, Kabila ou o que quer que seja. Votemos por unanimidade porque de facto não interessa. A continuar assim, é só a fazer de conta que votamos.

Mário Crespo

20 de agosto de 2008

A Razão do Passeio Olímpico

passeio olimpico
"Lançar a esta hora foi muito complicado. De manhã só estou bem é na caminha."
Marco Fortes - Lançador do Peso, classificado em 38º


"A arbitragem estava feita para ganhar a chinesa."
Telma Monteiro - Judoca, classificada em 9º lugar


"Não me dou nada bem com este tipo de competições."
Vânia Silva - Lançadora do Martelo, classificada em 46º


"Entrar neste estádio cheio bloqueou-me um pouco. Acabei a prova fresco, o que é estranho."

Arnaldo Abrantes - Velocista, último lugar nos 200m

"Vou de férias. Não vou participar nos 5.000 metros porque não vale a pena."

Jessica Augusto - Meio Fundista, eliminada nos 3.000 metros obstáculos


"A égua entrou em histeria com o écran de video."
Miguel Ralão Duarte - Cavaleiro, desistiu na disciplina de «dressage»

"Ai Caralho! Ainda bem que já passou a prova."
Vanessa Fernandes - Atleta de Triatlo, Medalha de Prata

"Aproveito a ocasião para deixar uma palavra de confiança e homenagem a todos os atletas portugueses participantes nos Jogos Olímpicos."
José Sócrates - 1º Ministro, não foi a Pequim

A actuação da equipa olímpica portuguesa em Pequim é o espelho do estado do país: patéticos, irresponsáveis e pequeninos. A estupidez natural é tanta que o Presidente do Comité Olímpico Português se viu obrigado a vir para a televisão pedir brio e profissionalismo aos seus atletas.

Pessoalmente, acho que a atitude dos atletas portugueses é perfeitamente legítima, principalmente porque os vejo como um produto acabado da «Geração Sócrates».
Não se pode pedir à «Geração Sócrates» que seja profissional quando o exemplo máximo de governação reside num engenheiro amador. É óbvio que os atletas se comportam como uns labregos amadores, quais funcionários públicos olímpicos que foram à China passear com o dinheiro dos contribuintes portugueses (15 milhões de euros foram gastos com estes atletas pouco olímpicos) e fazer aquilo que qualquer funcionário público português faz diariamente: nenhum.
E, tal como o seu líder espiritual, a «Geração Sócrates» não assume quaisquer responsabilidades sobre a merda que faz ou diz.

Para Sócrates, a responsabilidade do estado miserável deste país nunca será da sua governação de contabilista: é do governo anterior; é da crise internacional; é do preço do petróleo; é do aumento das matérias-primas.
Para o atleta olímpico português a culpa é das manhãs, dos árbitros, dos estádios cheios de gente. Para o atleta português o ideal seria que os Jogos Olímpicos decorressem num descampado ermo ao lado da Reboleira Norte, à porta-fechada e sem pressão mediática. Eu sugiro que Massamá se oriente e organize os Jogos Olímpicos de Massamá - vai estar à pinha de atletas portugueses a bater recordes mundiais uns atrás dos outros.


Sócrates está a criar uma geração de meninos. De meninos tolinhos e com uma estupidez olímpica só comparada à do seu líder espiritual.

31 de julho de 2008

A Razão do Proto-Engenheiro

protoengenheiro
José Sócrates, o proto-engenheiro, afirmou há dias «que todos os portugueses deveriam voltar às escolas». Estou de acordo. Acho que principalmente ele deveria voltar à escola para conseguir um diploma que não seja passado a um domingo.

30 de julho de 2008

A Razão da Massagem na Praia

massagem na praia
Portugal é um país de funcionários públicos cabotinos e embriagados com os pequenos poderes que lhes são dados para puderem justificar o seu peso injustificável no PIB nacional. Cada vez mais se torna claro para mim porque diabo é que os portugueses elegeram o Salazar como o maior português de todos os tempos - em cada português, e principalmente em cada protozoário do Serviço Público, há um Salazar a querer sair. Basta darem-lhes oportunidade. É o caso do director nacional da ASAE que, numa vertigem alucinada de poder bacoco, desata a proibir tudo o que mexa. E é o recente caso do Comando Marítimo do Sul que decidiu proibir as massagens nas praias algarvias alegando, em declarações à TSF, que «toda a gente sabe como começa uma massagem, mas não como acaba».
Que quererá o Comando Marítimo do Sul dizer com esta afirmação encriptada? Eu prescruto dois significados possíveis: ou os responsáveis pelo Comando Marítimo do Sul passam muito tempo na Tailândia para achar que todas as massagens acabam em putaria ou estão mesmo preocupados com a competência fisioterapêutica dos massagistas, coisa que honestamente duvido.
Enquanto isso o País caminha para uma ditadurazeca encapotada, às mãos destes labregos salazarecos e rebarbados, com erecções despropositadas no meio de uma massagem shiatsu.

29 de julho de 2008

A Razão do Gene FTO

gene fto
Uma equipa de investigação da Universidade de Oxford identificou o gene que nos torna badochas. O gene FTO condiciona a sensação de saciedade e faz com que continuemos a enfardar como se não houvesse amanhã, sem a necessidade de engolir uma caixa de Rennies. O gene apresenta-se em duas versões: a light (um único gene FTO) que faz com que os inivíduos desistam de comer depois de 7 entradas, 4 pratos principais e 12 sobremesas; e a hardcore (duplo gene FTO) cujo efeito consiste em só parar de comer quando violentamente espancado com um taco de basebal nas gengivas.
Segundo um membro da equipa de investigação, os indivíduos com o duplo gene FTO «não só comem demais, como apresentam sérias dificuldades em perceber quando estão de barriga cheia».
Os resultados desta investigação fazem-me concluir que o Estado português (essa abstracção incómoda) está atestadinho de genes FTO: depois de sacarem todo o dinheiro que podiam sacar aos contribuintes, inventando taxas e impostos atrás de taxas e impostos; depois de inventarem os pagamentos por conta; depois de nos obrigarem a pagar uma taxa para sermos atendidos em hospitais públicos; depois de obrigarem os velhotes reformados a pagar IRS sobre as suas reformas; depois de voltarem a roubar os velhotes reformados (em 8,3 milhões de euros) obrigando-os a pagar IRS sobre um subsídio de natal que eles nem recebem; depois desta merda toda, os gajos continuam com uma fomeca insaciável por dinheiro.
É por estas e por outras que sou um ferveroso adepto da manipulação genética...

23 de julho de 2008

A Razão da Passadeira

passadeira
Num país civilizado as passadeiras servem para indicar aos automobilistas e aos peões onde uns devem parar para os outros puderem atravessar a rua. Em Portugal não, facto que nos torna num dos países europeus com mais mortes por atropelamento nas passadeiras (e fora delas).
A passadeira em Portugal tem, para a maioria dos peões, um carácter místico a roçar o sobrenatural inconsequente. A passadeira está para nós como a folha de coca estava para as tribos astecas: torna-nos invencíveis. No momento em que põe o pé numa passadeira, qualquer taco de pia enfezado se torna num hulk mal humorado, pronto a dilacerar o camião de oito rodados que o impeça de desempenhar a hercúlea tarefa de atravessar a rua.
Não adianta explicar aos peões portugueses que não há nenhum dispositivo mágico e inexpugnável que se ergue entre eles e os automóveis a partir do momento em que eles pisam naquelas faixas brancas.
Não adianta explicar aos peões portugueses que a passadeira é um compromisso tácito entre eles e os automobilistas. Isto porque os peões se recusam a assumir qualquer compromisso com as bestas condutoras. Afinal de contas, a maioria dos peões portugueses são também eles condutores, e sabem o que a casa gasta quando estão atrás do volante. Por isso mesmo não há compromissos possíveis. A passadeira é deles e os automobilistas que se lixem! Por isso, de vez em quando, encastram os maxilares num capot alheio.
Esta perspectiva nacional da passadeira dá origem a uma série de estilos de passagem. Os portugueses são uns verdadeiros artistas a atravessar as passadeiras e fazem-no com um estilo muito próprio, perfeitamente alheados do facto de puderem ser passados a ferro no momento seguinte. Eis então uma lista dos meus estilos preferidos:

O Peão Pegador de Touros
O peão «pegador de touros» aborda a passadeira agressivamente atravessando-a determinado e sem medos, de peito cheio e com a cabeça ostensivamente à frente do corpo, olhando os condutores fixamente nos olhos, com ar de que lhes parte o carro todo à dentada.

O Peão (Falso) Alienado
Este peão atravessa carrancudo a passadeira a olhar sempre em frente, a fingir que não está a prestar atenção nenhuma aos carros que circulam na rua. Podemos perceber que é um falso alienado quando os vemos olhar para o carro mais próximo pelo canto do olho sem desviar a cabeça do passeio para onde se dirige.

O Peão Snob
O peão snob entra na passadeira com o ar mais descontraído do mundo, olhando desinteressadamente por cima dos automóveis que dele se aproximam, como se estivesse à procura de qualquer coisa no horizonte longínquo. No momento em que está no meio da passadeira agradece com um displicente acenar de mão ao condutor mais próximo, sem se dignar a olhar para ele – para o peão snob é uma honra para qualquer condutor ter o privilégio de o ver atravessar a passadeira.

O Peão Sinaleiro
Os peões desta estirpe parecem polícias sinaleiros sem farda, dado que atravessam a passadeira levantando o braço em sinal de stop para a esquerda e para a direita com um ar autoritário de agente da autoridade.

O Peão Indignado
Esta tipologia de peões não é muito assertiva a atravessar a passadeira. Ficam ali parados, a olhar de um lado para o outro à espera que algum condutor tenha a amabilidade de parar. Como o animal de condução só reage ao movimento, o peão indignado acaba por ficar a gesticular e a apontar para a passadeira, sem no entanto a atravessar para o outro lado.

O Peão Pasmado
É aquele que parece ser um «pegador de touros» mas que a dada altura do seu percurso ao longo da passadeira perde a coragem, borra-se de medo e fica estático, no meio da passadeira, a olhar esgazeado para os condutores parados.

O Peão Indeciso
Os indecisos são uns chatos porque entram na passadeira e recuam e voltam a avançar para recuar no momento seguinte, o que baralha o mais santo dos condutores. Na realidade não se percebeu até hoje se este tipo de peões quer mesmo atravessar a rua ou se está simplesmente a testar a paciência dos condutores.

A «Peôa» Femme Fatale
Exclusivo do género feminino, este tipo de peão encara a passadeira como uma passagem de modelos e o seu objectivo não é somente passar para o outro lado: é fazer os condutores do sexo oposto passarem-se, também eles, para o outro lado. São normalmente atropeladas por condutoras, perdendo algumas vértebras no processo.

O Peão Simpático
É tão inconsciente como os outros a atravessar alarvemente a passadeira, mas tem uma exuberância que normalmente lhe salva a vida. O peão simpático parece ser amigo de longa data todos os condutores à sua volta, cumprimentando e agradecendo efusivamente a todos à sua passagem.

Da próxima vez que atravessarem a passadeira façam-no com estilo, ok? Cuidado meninas...